Depois do nosso ultimo “encontro” tive uma vontade
inexplicável de querer encontra-la todos os dias, mas isso era impossível
porque ela não era do tipo que deixa numero de celular e marca o dia a hora e o
local, como eu já havia dito antes, ela era tipo a Margo do John Green, gostava
de ser misteriosa e se deixar levar pelo destino.
Nos próximos três dias eu fiquei indo aquele bar todas as
noites para tentar revela, mas ela simplesmente não apareceu. Observei também
cada canto, cada mulher, cada garota da estação e nada dela, nem se quer uma
pista ou alguém parecida com ela, isso me deixava intrigado.
Porém, teve um dia que eu acordei todo feliz, e nem motivo
tinha, o dia tinha começado estranho. Estranhei minha felicidade, estranhei que
reparei que minha vizinha tinha um coelho no quintal, estranhei que reparei nas
pessoas que passavam por mim na rua e estranhei mais ainda por ter dito a
sensação de que algo bom estava para acontecer.
Logo a noite eu fui para o tal bar, cheguei e dessa vez não
me sentei a mesa como de costume, me sentei ao banquinho do balcão de bebidas.
Pedi uma dose de tequila com limão, não tinha o costume de pedir isso, porém o
dia já estava estranho, e como já estava acabando resolvi então deixar ele um
pouco mais estranho. Quando o garçom me entregou a bebida, vi que havia um
bilhete colado no copo. Perguntei o que era aquilo, ele nem deu muita bola,
resolvi abrir e ler, dizia: “ME ENCONTRE DAQUI 20 MINUTOS NA RUA TRÊS COM A
CENTRAL”. Fiquei sem entender nada, não tinha nada de identificação de quem
teria mandado e para quem era. Perguntei para o garçom se realmente era para
mim, e quem foi que mandou, ele me virou as costas e fez uma cara de pouco
amigo.
Margo. Certeza que tinha sido ela. Mas porque ela queria se
encontrar comigo? Ainda mais na rua do lado da minha casa – não sei se ela
sabia que era ao lado de casa-, e em 20 minutos? A curiosidade de quem era
tinha me invadido naquele momento, e eu com um pouco de medo fui correndo ate a
rua três com a central para encontrá-la. Mas, caraca, ela já havia percebido
que eu já estava loucamente apaixonado por ela, não precisava de joguinhos, eu
iria sem mais nem menos, por ela eu iria até ao inferno.
Cheguei ao local marcado, e me surpreendi, sim, era ela.
Margo. E ela estava linda como sempre. Cabelos lisos, sorriso encantador,
maquiagem quase imperceptível, a calça rasgada novamente, o sapato dessa vez
era um tênis vermelho, a blusa era preta, e a jaqueta jeans amarrada na
cintura. Ela olhou para mim, sorriu e disse “oi, vamos para sua casa, preciso
conversar com você”. Espantei-me. Fiquei
me perguntando como ela sabia a onde eu morava, e o que ela queria, mas não me dirige a uma
palavra a ela –ela tinha sido tão direta que não soube o que falar- eu apenas
estiquei o braço para mostrar por onde iriamos, mas ela parecia que já conhecia
o caminho.
Faltava apenas algumas casas para chegar a minha, estávamos
em silencio, quando ela respirou fundo e disse “me desculpe por ter te
encontrado dessa forma”, assim ela quebro todo o silencio, e então até chegar
em casa fomos conversando, nada de interessante, foi uma conversa normal.
Cheguei em casa, abri a porta para que ela entrasse primeiro, disse o clichê de
sempre “sinta-se a vontade”, ela sentou no sofá, fui até a cozinhar pegar algo
para beber, entreguei um copo com um pouco de suco de limão, e tive que observar
o seu pulso e braço a hora que ela esticou para pegar o copo. Sim, ainda
estavam todos marcados, alguns pareciam ser de cedo, outros já parecia ser de
uns dias atrás.
Como que a curiosidade me pegou, perguntei a ela como ela
sabia a onde eu morava, e como ela sabia que eu estava no bar naquele horário.
Ela me disse que era bruxa e adivinhava as coisas, rimos. Ela realmente tinha
um sorriso lindo, e uma risada que parecia ser musica aos meus ouvidos. Conversamos por horas, já passava da uma da
manhã e era assunto que não acabava mais, parecíamos melhores amigos ou amigos
que não se via a anos. A conversa estava tão boa que nem percebemos que o tempo
lá fora tinha mudado e estava começando a chover. A chuva aumentou e ela apenas
se questionou de como ela iria embora, eu não estava com o carro para leva-la,
então ofereci minha cama e uma blusa para ela dormir, disse que ela não
precisava se preocupar porque eu iria ficar pela sala mesmo. Ela disse que
confiava em mim e sabia que eu nunca faria nada que ela não quisesse ou que a
machucaria.
Ela aceitou meu pedido. Foi ao banheiro e se trocou, arrumei
a cama para ela e quando ela ia se deitar me deu um beijo no rosto e disse “boa
noite, e obrigada por ser meu ouvinte essa noite”. Fiquei na porta do quarto vendo
ela se deitar, ela era linda, não canso de repetir isso, ela era mais linda
ainda dormindo. Pegou no sono muito rápido, cheguei perto da cama a cobri e dei
um beijo em sua testa, ela meio que acordou e disse “pode se deitar aqui do meu
lado, estou com um pouco de medo”, não poderia recusar esse pedido, mas a
respeitei, deitei com um pouco de remorso, mas ela preferiu me deixar com um
pouco mais de tensão ainda, ela se deitou em meus braços. “Apenas amigos” eu
repetia para mim.
Caraca, ela estava em meus braços nessa noite, meu sonho
realizado, não da forma que eu queria, mas ele estava sendo realizado, por ela
ainda! Trovoes não a assustaram e eu a protegi.
Ela estava nos meus braços, e estava linda, parecia um anjo, tinha uma
luz incrível. Claro não podia deixar de observá-la, fiquei atento a cada
detalhe, até que peguei no sono com ela em meu colo. Meu sonho realizado, ela estava dormindo em
meu colo.
-Vitória Medeiros.