quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Margo.

Capítulo 5.




Margo acordou cedo no outro dia, saiu sem ao menos se despedir, apenas deixou um pouco de café perto da minha cama e um bilhete escrito:
“Agora eu sei onde posso te encontrar.
Com carinho,
Margo.
PS:  Eu irei voltar, só não espere.”
“Eu irei voltar, só não espere”, “O que ela mais gostava era de mistérios e acabou virando um” algo assim que diz no livro do John, às vezes penso que ele escreveu para ela, mas acho que ela se inspirou nele.
Margo, mais uma vez me deixou cheio de perguntas, cheio de curiosidade, cheio de amor, mais uma vez ela me deixou. Nunca vou entender o fato de esse ir e vir dela, até entendo que ela nunca vai ser do tipo de ficar em um lugar só por muito tempo, e nem do tipo que vai se prender por um amor - ela me disse na noite passada que já se prendeu demais e nenhuma valeu a pena, então ela tinha resolvido nunca mais fazer isso, inclusive, ela tinha decidido tomar essa decisão na noite em que quase se conhecemos-, a única certeza que eu podia ter e que ela iria voltar, só não podia esperar.
O cheiro dela ficou pela casa, ficou em minha blusa, nos lençóis e no travesseiro. Ela tinha permanecido ali por pouco tempo, mas parecia que ela ainda estava ali. Já que não havia mais o que ser feito eu resolvi então ir trabalhar, resolvi deixar o dia normal, não igual ontem, mas igual há todos os dias desde quando eu a vi pela primeira vez!
Tudo havia ocorrido normal no meu dia, até que eu chego em casa e me deparo com a janela aberta, logo penso em chamar a policia mas me lembro que Margo iria voltar, e ela não era do tipo de esperar alguém chegar para que ela entrasse, ainda mais quando era alguém que ela sabia que não iria se importar se ela entrasse em sua casa e ficasse por lá. Mas dessa vez era diferente, Margo tinha deixado uma pista, não era exatamente uma pista, era mais algo tipo “eu estive aqui”, ela me deixou uma pétala de rosa, o incrível foi que ela deixou em cima do balcão da cozinha. Não era muita a cara de Margo gostar de rosas, mas se fossemos ver que ela era linda como uma flor por dentro e por fora era cheia de espinhos, poderíamos compara-la com uma.  Peguei a pétala e guardei ela dentro de uma caixinha que eu tenho no meu criado mudo, junto com o bilhete de hoje de manhã, fui tomar um banho, tentar esquecer um pouco disso tudo e apenas deixar que tudo fique tranquilo.
O dia já terminou e a noite começou a chegar, estou muito cansado, preciso de um ar. Resolvo sair, vou dar uma volta pela cidade, é claro, passei naquele barzinho, mas dessa vez era diferente, não fui lá por conta de Margo e nem esperar que ela parecesse por lá, fui lá por causa que nada que uma dose não resolve certo ?

Hoje foi tudo tranquilo, não tive aquela sensação de encontrá-la como eu estava tendo nos últimos dias, foi tudo normal. Não vou dizer que não teve pensamentos em Margo, porque teve sim,  ela nunca vai sair de dentro de mim, mas era diferente, hoje eu já sabia que alguma hora ela iria aparecer, não sabia quando, nem a hora, mas eu sabia que a qualquer momento eu poderia chegar em casa e ela estaria lá, ou ela teria passado por lá e ter deixado alguma pista. Hoje eu já sabia que ela iria começar o ir e vir, e que nunca iria parar. Talvez um dia ela decida ficar, ou talvez ir de uma vez por todas, mas estávamos só começando, o final estava muito longe ainda. Acredito que não irá ter final, mas eu sei que esse dia está muito longe de acontecer, Margo ainda era apenas uma jovem que queria ser livre, que queria aproveitar sua liberdade enquanto podia, ela apenas queria voar, voar para bem longe, longe de tudo que a faria sofrer e de toda a sua realidade medíocre que ela tinha. Margo era apenas uma garota de 19 anos querendo se encontrar em um mundo onde ela não fazia parte.  


-Vitória Medeiros.